Nutrição para vacas no período de transição
2017-07-10

Na pecuária
leiteira, o período de transição é um dos momentos mais críticos para uma vaca,
sendo também um dos principais desafios para o gado leiteiro. Vários fatores
influenciam o desempenho dos animais, neste momento, considerado um fator
preponderante para o sucesso (ou insucesso) da atividade.
Muitas são
as mudanças que ocorrem durante o período de transição - tanto
fisiológicas quanto metabólicas. Tais mudanças provocam uma redução
significativa no consumo alimentar das vacas. Como consequência da queda do
consumo de alimentos, pode haver também redução no desempenho das vacas no
início da lactação, consequentemente, provocando uma série de distúrbios
metabólicos e o chamado balanço energético negativo, que bastante recorrente em
gado leiteiro. Para suprir a alta necessidade das vacas neste momento crítico,
uma dieta especifica deve ser formulada objetivando o atendimento das
necessidades da vaca no período e evitando os transtornos que influenciarão a
manutenção produtiva da vaca. No artigo de hoje, você vai entender o
porquê que devemos oferecer uma nutrição específica para as vacas no período de
transição. Acompanhe:
O
que é período de transição?
O período de
transição é compreende as três semanas antes do parto (21 dias
pré-parto) e as três semanas após o parto (21 dias pós-parto). Esse período é
evidenciado por mudanças drásticas no metabolismo do gado leiteiro, além de
demandas fisiológicas que afetam diretamente a produção de leite e consumo de
alimentos.
Este período
de transição é caracterizado também por grandes alterações hormonais
decorrentes da proximidade do parto com uma maior demanda de nutrientes
para a síntese de colostro e leite, desenvolvimento contínuo da glândula
mamária e rápido crescimento fetal.
Todos estes
fatores, invariavelmente, terão como consequência a redução no consumo de
matéria seca pelas vacas. Quanto menor o consumo, menor a produção. Para
solucionar isso uma nutrição específica deve ser considerada para
reduzir as possibilidades de problemas produtivos e reprodutivos.
Como
alimentar as vacas no período de transição?
A literatura
cita que há uma redução no consumo alimentar durante as três últimas semanas de
gestação de aproximadamente 30% com grande parte deste declínio ocorrendo
na última semana antes do parto.
No entanto,
durante o período de transição, à medida que o consumo de alimento
diminui as exigências energéticas e proteicas só tendem a aumentar.
Consequentemente, tanto a energia quanto a proteína devem ser aumentadas
na formulação da dieta.
Assim, uma
das medidas que vem sendo adotada é o aumento na concentração energética dos
alimentos ingeridos, através do fornecimento do mesmo volumoso de vacas
lactantes e início do fornecimento de concentrado (cerca de 0,5 a 1% do peso
vivo). Isso irá diminuir também o risco de acidose no início da lactação
causada por mudanças drásticas na alimentação.
Da mesma
forma que a energia, as exigências de proteína também aumentam à medida que a
prenhez avança. Devido à redução no consumo de alimentos nos últimos 21 dias
antes do parto recomenda-se aumentar a concentração proteica da dieta
adequando-a as necessidades de proteína das vacas.
Vale
ressaltar que em novilhas, a necessidade tanto de energia quanto de proteína é
maior quando comparadas com vacas adultas. Isso ocorre devido ao menor
consumo e as exigências adicionais para atender o crescimento considerado
ideal.
Dieta
aniônica – boa opção para vacas em período de transição
No início da
lactação, a vaca requer maior demanda de cálcio, principalmente, devido à
grande necessidade deste mineral para a síntese do colostro e do leite. Assim,
elas necessitam lançar mão de mecanismos internos de absorção de cálcio em
nível intestinal e reabsorção de cálcio dos ossos. Porém, não são raros os
casos onde estes mecanismos se tornam insuficientes do ponto de vista
metabólico. Assim, provocando queda abrupta do nível de cálcio no sangue,
fator este que desencadeia no processo de paresia puerperal ou febre do leite.
Para
solucionar este problema a adoção de uma dieta aniônica tem demonstrado alta
eficiência para prevenir a febre do leite após o parto. Esta dieta
caracteriza-se pelo fornecimento de sais aniônicos que irão manipular o balanço
cátion-aniônico negativo resultando na diminuição do pH sanguíneo e
criando uma condição de leve acidose metabólica.
Esta
manipulação irá favorecer a ação de determinados hormônios que liberam cálcio
dos ossos aumentando a absorção intestinal e renal ocasionando redução no
declínio dos níveis de cálcio do sangue. Dessa maneira, é reduzida à
possibilidade das vacas serem acometidas com a febre do leite.
A lactação é
certamente a principal responsável pela rentabilidade do produtor de leite,
entretanto, o período de transição, especificamente o pré-parto, é tão
importante quanto. Desse modo, não devemos dar atenção somente aos animais
produtivos do rebanho, devemos considerar também o gado leiteiro que está na
transição da fase gestante para fase lactante. Afinal a lactação e a
expressão da potencialidade leiteira dependem em grande parte da qualidade do
manejo pré-parto.
Gostou
do artigo de hoje? Ficou alguma dúvida sobre nutrição específica de vacas no
período de transição? Conte para a gente nos comentários abaixo!